terça-feira, 5 de junho de 2007

Livro: Quando eu voltar a ser criança. autor: Janusz Korczak

Janusz foi um autor que viveu no gueto de Varsóvia, onde foi confinado com 200 crianças do seu orfanato, por ser judeu, recusou a salvação e preferiu ser arrastado ao famigerado campo de concentração de Treblinka, para morrer assassinado pelos nazistas, junto com as crianças que não quis abandonar.

Esse livro nos proporciona olharmos as crianças com os olhos de crianças e não de adultos soberbos. Com o convívio das crianças ele se colocava sempre no lugar delas e com os seus pensamentos .

A história inicia-se com uma criança pensando no futuro dela. Ele pensava que ao crescer construiria uma casa no mesmo terreno para seus pais, iria se casar, ter filhos e também bem sucedido financeiramente.

Nos seus pensamentos infantis ele pensa em comprar uma cadeira do papai. Pára seus pensamentos e pergunta ao pai:

-Pai, que cor vc quer uma cadeira do papai, preta ou marron?
- Larga de bobagem e vc já fez a lição? Escovou os dentes? Colocou pijama? Respondeu o pai.
- Deixa, eu mesmo vou escolher a cadeira e continua pensando no futuro deles sem se importar na falta de importância que seu pai deu à ele.

Esse é um dos exemplos de que os pais “pecam” em não darem respostas simples e deixar os filhos satisfeitos e felizes, se preocupando somente em dar broncas.

Outro exemplo igual a esse que ele cita no livro é quando pais e filhos comprarm por exemplo uma régua e ela se quebra no dia seguinte. Os adultos como são independentes vão a uma livraria e simplesmente compram outra. Já para os filhos tem sempre uma pergunta humilhante:
-Aquela que eu comprei ontem e você já quebrou? Aí vem o sermão de que eles não são cuidados.

Fala também de como não respeitam o tempo da criança. Quando adultos resolvem ir embora de algum lugar, nem se importam com o que a criança está ocupada, levam embora e pronto.

Ele diz “para nós não existe direito nem justiça, somos uma classe oprimida”. No mundo dos adultos a criança “não tem importância”, é tratada com desatenção, menosprezo e impaciência. Eles sempre têm mais o que fazer do que se incomodar com as “puerilidades” das crianças.
Os exemplos nesse livro tão cheio de compreensão da alma infantil, de ternura e delicado humor, são muitos. Trata-se de um livro aparentemente dirigido as crianças, mas que de fato se dirige a adultos para melhor compreendê-las.

O leitor desse livro conscientiza-se de que para compreender o mundo da criança não é necessário descer e sim subir para alcançar o nível dos sentimentos delas.

Depois de lermos várias situações de crianças, a qual não nos é nem percebida, o autor termina o livro, contando que ele não tinha mais pais, não tinha se casado portanto não tinha filhos e era um simples professor.

Sentado em sua escrivaninha corrigindo provas ele se depara com uma prova escrito “meza”, ao invés de “s”, onde ele se conscientiza de que não importa nada disso. Risca o “z” coloca “S”, risca de novo “s” e coloca “Z”, e diz:

-É uma pena. Mas não quero voltar atrás.

Um comentário:

estrela disse...

Simplesmente me encantei!!!
Sempre podemos modificar aquilo q vemos q não anda em seu caminho certo!!!
Como sempre lindona, nos deixando assim, voando, voando!!!
Bjs