domingo, 5 de julho de 2009

Penso, logo, existo

Dizem que de médico e de louco todo mundo tem um pouco.

Eu não tenho medo de andar de avião, mas morro de medo de perder a mala. Começo a pensar nela já uns dois dias antes. Na hora de entregá-la para o avião me despeço dela com uma tristeza profunda com medo de nunca mais vê-la.

Na sala de espera sempre procuro por ela. Quando subo no avião eis-me que vem ela na cabeça e pergunto: POR ONDE ANDARÁS MINHA LINDA? E assim vou elucubrando o que tem nela e não me preocupo nenhum pouco com a avião lá nas alturas. Olho direto pela janela, pra ver se ela não cai do avião. Ai minha liiiiiiinda!

Depois, como sou pequena, penso se na hora do nosso encontro, ao pegá-la finalmente, não cairei na esteira e começaria a rodar junto à ela. Na mesma hora sentirei alívio, pois estarei com ela e percorrendo labirintos desconhecidos pelo homem, mas conhecidos pelas malas. Acho que o dia que acontecer de fato isso, cairei na minha insignificância perante ela e acordarei do pesadelo mala X viagem.

A tortura continua porque a minha sempre é e será a última a aparecer. Com laço vermelho que coloco nela, e procuro estar tb de vermelho que é para nos reconhecermos assim que nos virmos.

Oh! Quanta alegria, quando a vejo, consigo pegá-la e aí acabaram-se todas as minhas preocupações.

Penso, logo, existo, mas que pensamentos mais FDP.

Penso: se o avião cair levará segundos, não dando tempo para preocupações, e não saberão novidades nenhuma sobre mim, mas a mala... demorará anos para se desintegrar e quando a descobrirem saberão das minhas particularidades, privacidades e quem sabe o meu tesouro.

A vida é composta por valores adquiridos ou perdidos!

Cê tá louco? Perder minha mala!

ELA É MINHA.Ninguém tasca.

Quando fui expor meu projeto no Ceará eu o levei como mala de mão, e de mão mesmo, não larguei, porque se caísse no mar, saberiam que eu iria expô-lo no congresso, então estava com minha identidade garantida. ESSA É A MARCIA MORALES E O PROJETO DELA ERA "HORMÔNIOS SEXUAIS". Assim me dava segurança de que não seria só um corpo no mar, mas sim um projeto onde diria o quê e porquê eu estava naquele dia no avião.

Então penso, logo existo, e se existo é porque penso e o principal é que eu CONTO.

Pronto, contei.

2 comentários:

Ismenia disse...

Nooooossaaaaa miga quase que fico com o mesmo trauma. Pára com isso.
Gosto de ti porque vc pensa e CONTA
duvido que conta tudo o que pensa kkkkkkk. bjs

K. disse...

òia, que eu rio ainda com essa história da mala? num posso com isso. Qdo vc me contou quase enfartei de rir. Foi muito bacana ter aquele ataque. Pena que eu não tenha te visto nas esteiras da vida, eu acho que morreria na hora se percebesse esse teu "trauma". Mas ainda teremos chance.
Agora, por favor, conta aquela outra mania da qual falamos, por favor. Isso tem de ficar registrado.
E tb conta do fato de não sermos psicopatas - apesar de eu ainda duvidar que eu não seja - hahahahahaha... Ai, ai, ai, vc é médica tb, Mamy's. Só vc pra nos falar dessas coisas. Tem até título, se vc quiser, que sei dessa tua mania de títulos pra poder fazer o texto: de médico e de doido...
Infelizmente (ou felizmente) tenho mais de doido, mesmo.
T'amo muitão, bj bj:-)