Meu Pai Herói

Pai Herói - mp3
Fábio Júnior

Hoje voltei a reescrever esse texto, porque acho que falei pouco sobre um pai grandioso como eu tive e ainda tenho, porque acredito que onde ele estiver estará sempre olhando por mim.Um homem íntegro, que me ensinou desde a nadar, dirigir e todos os valores dos quais me orgulho.

Um homem que sempre me deu colo. Com seus oitenta e tantos anos, quando fui pedir colo ele me disse:
Filha, você é uma pessoa gostosa de se conviver, então agora, vá viver sua vida, cuide bem só de você, porque até hoje você cuidou só dos outros.

Sempre lembro do que ele disse, então agora noto que gosto mais de mim, procuro sempre estar bem arrumada, bem tratada e principalmente bem humorada. Uns dias caio pelo golpe de sua morte, mas sei que ele gostava de mim por causa da alegria e detestava me ver triste.

Eu procuro mesmo triste como estou, continuar sendo aquela Márcia que ele gostava. Muitas coisas sou como ele. Ele adorava a vida, assim como eu. Gostava de piadas e coisas alegres. Não gostava de quem reclamava da vida. Ele sentia que a vida era um presente de Deus, acho que por isso teve uma morte que foi uma "graça" de Deus. Sofreu sim, mas não tanto quanto iria sofrer pela doença que o abateu.

Ele sempre dizia que tudo acaba nessa vida, mas o nome da gente fica para sempre, por isso assino sempre meu nome, porque o dia que eu partir dessa vida, alguns se lembrarão de Márcia Morales.

Estou escrevendo o meu livro, porque acho que não quero só passar por essa vida, mas deixar para as minhas filhas, netos, familia e amigos um pedacinho de mim. Quero que o livro tenha a minha "cara". Estou me dedicando a ele como se dedicasse a um bem precioso. Estou amando de paixão, mas sinto que deveria ter escrito antes, para que meu pai pudesse lê-lo.

Ele sempre teve muito orgulho de mim nas pequenas coisas, imagine o que ele sentiria ao ler que falo de sua mãe, minha avó, que foi quem me ensinou a "pintar a vida".

Ele adorava meus causos e tinha muitos dele também. Nossa vida, eu e ele, era só alegria.

Tenho pena de quem não tem um pai tão completo como eu tive.

Quando deixei de escrever no meu blog, meus queridos amigos sentiram falta de mim e dos meus textos.

Quando escrevo gosto de estar bem e passar algo que nos faça melhorar e refletir sobre como sair de situações que a vida nos coloca dependendo ou não de nossa vontade.

Poderia descrever aqui sobre 97 dias mais difícies da minha vida, onde abandonei tudo e fui cumprir com o meu dever de filha. Desconectei de tudo, esqueci de mim, deixei a razão de fora e usei só o coração e percebi que diante de tanta impotência provada eu devia fazer algo por mim.
Pensei, o que posso fazer por mim?

Tomei um banho demorado, peguei uma escova pra esfregar e esfreguei tentando tirar a dor, a aura, renovar células, enfim tirar tudo e sair outra Márcia. Foi em vão.

Pensei no que li uma vez que em tudo a palavra certa é "aceitação", então tentei aceitar, e aceitei mas com muito sofrimento.

Retornei à minha vida e aos meus amigos, seis Kls mais magra. Enruguei??? Vixi. Assim mesmo continuo achando que a vida tem a cor que a gente pinta.

Voltando ao que eu ia fazer por mim, pintei os cabelos de luzes brancas e vermelhas. Tinha que voltar para as minhas filhas a mãe " louca" de sempre, já que não fui capaz de engordar.

Hoje voltei a escrever, rindo e chorando, mas o que importa é que voltei e pelos tesouros que conquistei, vcs, meus amigos.

Dedico esse simples texto ao meu pai que não me decepcionou nem pra morrer. Morreu como merecia, dormindo. Ele adorava o meu jeito de "sem noção" deixando sempre as "desgraças" leves e dando nó até em pingo d' àgua.