Tudo que se faz nessa vida, se paga

Eu quando era mocinha morria de rir e tirava um sarro de um funcionário do meu pai. Ele ia TODOS os dias ao cinema, porque era amigo do porteiro e quando voltava eu fazia sempre a mesma pergunta, só para rir da resposta.

- E aí fulano, como foi o filme?

- Não teve "nexo"!

Eu ria e dizia:

-Ele nunca entende o filme.

Agora estou eu aqui com uma mãe sem "nexo". Com todo respeito e já vou explicar.

Depois de muitos exames descobrimos que ela tem uma "memória volante". A memória dela vai e volta. Então sabendo do problema acha-se um meio de driblá-lo. Lembram da "droga certeira"? Temos consciência de que logo passa e aí podemos curtir a vó meiga e doce. Não levamos nada para o lado pessoal, isso aprendemos com terapia e com a sábia da Marisa.

Aqui em casa temos de fazer que nem em um filme, que não lembro o nome, o rapaz conquistava a moça dia a dia, porque quando ela dormia, esquecia tudo. O filme é lindo, mas a realidade daqui também.É muito bom quando achamos uma resposta que termina com o "problemão" que se instala na cabeça dela.

Fiquei muito feliz em saber que nem passa perto de "Alzheimer", o que eu ficaria muito triste em perceber que um dia ela iria olhar para mim e não saber quem sou eu e nem que me ama.

"Nexo" por "nexo" prefiro esse que eu consigo entender.

Quem mandou ser sempre gozadora, né?

Quando eu trabalhava no hospital também morria de rir com uma senhora que quando o marido ficava bravo, ela pedia para a enfermeira:

- Dá "prictil" pra ele.

O nome certo do remédio é "amplictil". Calmante muito forte.

Na última noite do meu pai vivo no hospital, o enfermeiro veio com os remédios e eu perguntei o que era, e ele falou:

- Amplictil

Depois de dois comprimidos a noite, meu pai não voltou mais ao normal!