Estávamos num engarrafamento em SP, daqueles que demora 40 minutos para um quarteirão, voltando de uma reunião do programa Enlaces-Brasil.
Decidimos então para passar o tempo contarmos sobre a nossa chegada em SP. Éramos em cinco "jacus".
Eu contei de que para assumir meu cargo de efetiva, tive que desistir de duas causas na justiça contra o governo do estado de São Paulo. Não sabia nem como sair da casa da minha amiga, então ela me ensinou a pegar um onibus e ir até o centro. O ônibus estava lotado, eu grávida e quase que nasceu a criança de tanto que me "espremeram". Aí achei o primeiro lugar que tinha de ir. Depois sai de lá e fui pegar um táxi para ir no outro. De tão nervosa de estar no centro de SP, dei para o motorista o mesmo endereço de onde eu estava.
Outra amiga contou que morava no norte de Minas, numa vida pacata e eis que de repente, seu pai carpindo, caiu morto. Então decidiram, a mãe e mais 7 filhos, vir pra SP tentar a vida. Alugaram uma casinha e começaram a busca de emprego. Aos domingos saia jornal para eles procurarem emprego. Tinha uma banca de jornal ao lado da casa deles, então mandaram o irmão caçula ir comprar o "guia de empregos" e "jornal de santo amaro", porque o bairro era esse.
O caçulinha foi até a banca e pediu os dois jornais. O homem falou que o de santo amaro tinha acabado e o menino falou, então dá dois guias. Chegando em casa com os dois jornais iguais, quase mataram o moleque, porque então sobraria dinheiro para o pãozinho da tarde.
Era uma miséria só, e o dinheiro contado para o mês.
Adoro histórias de luta, porque conheço a família e sei que todos venceram e estão muito bem.
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