domingo, 22 de fevereiro de 2009

Aprendi assim (acho que será o 2º texto)

Quando tinha 5 anos, minha mãe me colocou no Jardim da Infância. Fui e não gostei nenhum pouco. Falei para a minha mãe que não iria mais, porque morria de saudades dela e só brincava. A professora não me ensinava nada de novo, então se fosse para brincar eu ficaria em casa brincando e do lado dela.
Aprendi então, que eu necessitava de aprender.


No primeiro ano primário, no dia do exame, já tinha terminado a prova antes de todos os alunos e resolvi olhar a prova da minha coleguinha e mudei um resultado, então deixei de tirar em primeiro lugar por causa desse erro.
Aprendi que devia confiar mais em mim.


Naquele tempo tinha que fazer um ano de admissão, passar, para então poder frequentar a 1ª série do ginásio, atual 5ª série do ensino fundamental.
Como tinha só 10 anos, o diretor da escola não queria me deixar fazer o 4º ano e a admissão, dizendo que eu tinha tempo, era nova e outras cositas mais.
Fiz todo tipo de promessa para ele e acabei convencendo-o de que eu seria capaz.
Chegou no final do ano, passei com ótima nota e com 11 anos eu já estava na série seguinte.
Aprendi que ser perseverante é o caminho certo.


Quando estava na 7ª série o nosso professor de desenho geométrico era o próprio diretor da escola. Uma fera! No final do ano precisaria tirar 10 na última prova e entrar para exame precisando de 2.
No dia da prova eu estava muito nervosa e ele mandou fazer uma figura geométrica e pintar a guache. Naquele dia ventava muito e eu estava sentada na primeira carteira perto da porta. Quando minha figura já estava pronta, ele saiu para ir até a diretoria, o vento bateu e "aquele" vidrinho com água suja de guache, virou em cima da minha prova e sujou embaixo da figura. O papel ficou mole e eu chorando, preparei uma tinta cinza e coloquei como se fosse o piso da figura. Borrou tudo e ficou uma prova nojenta, toda mole.
No dia de entregar a prova, ele disse que tinha dado um dez sòmente e eu pensei que fosse a última nota da prova, quando ele disse que tinha sido eu, porque fui a única que não deixei a figura flutuando.
Aprendi que existem pessoas que quando vêem as flores murchas, não se entristecem, porque conseguem ver a semente.


Quando estava no "normal", atual colegial, aprontei muito e meu pai me mudou de classe. Adorava minha classe antiga e fui parar em uma que não tinha afinidade com ninguém.
Cheguei murchinha na classe nova, mas percebi que ali aprendia muito mais. Meus colegas eram todos mais velhos do que eu e fiz amizades maravilhosas.
Aprendi então, que ordem é progresso.


Quando entrei na faculdade, como tinha feito normal e o certo para optar por ciências físicas e biológicas seria o científico da época, me deparei com matérias que eu nunca tinha ouvido falar nada. Eram química, física, matemática, além de outras que eu precisaria ter base para entendê-las.
Eu trabalhava num hospital então pedi ao meu pai para sair de lá, e me comprometi a estudar em casa, até conseguir acompanhar a matéria explicada pelos professores.
Pedi aos professores que me indicassem livros com noções básicas para poder entender ao menos alguma coisa do falado em classe.
Meu pai muitas vezes me encontrou dormindo em cima dos livros pelas madrugadas.
Adiei as primeiras provas e fiz substitutivas para ganhar tempo.
No final do primeiro ano eu já estava acompanhando todas as matérias e um professor de matemática, que era diretor da faculdade, colocava exercícios na lousa, saia e dizia: Márcia Morales quando terminar o seu, faça na lousa e corrija. Eu? Você sabe!
Aprendi que nada é impossível.


Quando comecei a lecionar me deparei com todo tipo de ser humano e tentava descobrir qual era o tipo de saber de cada um.
Aprendi que existem "saberes" diferentes.


Com o primeiro casamento falido, com muitos dissabores, sofrimento, desrespeito e um sonho acabado:
Aprendi que nem sempre a união faz a força, principalmente se tivermos objetivos diferenciados.


Criando minhas filhas por 7 anos sòzinha:
Aprendi que a sociedade dos filhos deve ser preservada, o pai não será mais meu marido, mas sempre será o pai delas.


No segundo casamento construído com respeito e harmonia por 19 anos:
Aprendi que o fim não justifica o meio.


Agora aposentada, recordando de tudo e escrevendo meu livro:
Aprendi que sempre é hora de recomeçar.




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