segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

"Causo" para o casal que me endoida.

Quando a educação começou a ir pra UTI, porque inventaram sala ambiente, sem nada pra desenvolver o que realmente interessava, eu tinha uma classe que podia fazer todo tipo de trabalho e dos mais diferenciados possíveis.
Em setembro, eu pensei:
-Só isso que eu posso fazer por eles? "Vomitar" matéria?
Eu tinha percebido que os alunos com a "falência" da educação, não sabiam fazer perguntas sobre nada, simplesmente porque não sabiam dar opinião em quase todos os assuntos.
Tínhamos 3 aulas por semana, sendo que na sexta-feira, era a primeira aula e a última (detalhe, eu quem fazia o horário da escola). Conversei com os alunos e combinamos que trabalharíamos bastante nas duas aulas semanais com a matéria e na última de sexta, debateríamos sobre qualquer assunto da nossa escolha.
Como sempre tem alunos, seres humanos, que não se interessam por nada que possa acrescentar, disse que essa aula estavam dispensados os que preferiam ficar à toa.
Juro que pensei em fazer isso com todas as classes, mas imaginem se não tive problema com direção, inspetor de aluno e coordenador que vinham "devolver" meus alunos. Só que perderam de perceber que com o passar das semanas eles voltavam pouco a pouco devido ao comentário animadérrimo dos colegas.
O assunto era escolhido na hora.
Eu tinha um aluno negro que me preocupava bastante, porque no intervalo ele ficava só e na sala de aula, fazia tudo mas não abria a boca. Estranhei quando vi que ele optou em ficar nos debates. Pensei, ele não fala, como pode querer participar?
No dia do tema "preconceito", eu comecei dizendo do que vivi criando minhas filhas sem pai. Todas as crianças do prédio podiam esquecer as bicicletas na garagem, mas se as minhas esquecessem, tinha moradores que as jogavam na rua. Disse também que falei para as minhas filhas que se combate o preconceito como sendo "as melhores", não em valor, mas em atitudes.
Qual não foi meu espanto quando esse meu aluno começou a falar e contar das vezes em que foi considerado ladrão junto com a mãe em supermercados, lojas e etc. Disse também que nunca pensou que eu, branca, tivesse passado por preconceito, porque para ele, somente os negros tinham esse tipo de problema.Ele sintetizava preconceito em só esse.
A partir desse dia, esse aluno virou participativo de tudo, aula, debate, recreio, ele virou outro ser humano.
Até hoje ninguém entendeu o que eu quis fazer e fiz!
Professor não pode desenvolver "papos" e sim, explicar matéria, que se não for aprendida realmente, são "palavras ao vento". O ser humano não é considerado importante.
O que importa é que quando lembro disso, fico feliz.
Bjs



Tema do Filme "Ao mestre com carinho"

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom, mammy's, essa coisa de 'incompreensão pedagógica' (hahahah pedagogia é um termo mais que idiota) é mais velho que andar pra frente. É aquela velha história: escola-cadeia e tal... Sem chance. Já fui dispensada de escolas por dar aulas fora da sala e fazer miséria com os alunos - que adoravam e cresciam -, e até de faculdades, sendo de uma delas só porque mandei os alunos lerem 10 páginas. A diretoria me chamou 'pedindo' que eu resumisse a coisa em 2 parágrafos - no máximo - e desse para os alunos; aí podia ser. Dessa, eu mesma me dispensei. Era a poderosa Mackenzie/arquitetura. O tempo passa, mas só trocam voshta por melda, e a fedentina continua a mesma. Triste, triste. Depois não sabem porque roubar no farol é mais fácil, né não?
Pelo menos a gente não só tentou quanto praticou bem. O resto é o resto.

Anônimo disse...

Afe!
Tudo que é link pra essas músicas novas tem este resultado: The file link that you requested is not valid.
Que houve?
Como posso te ajudar?
Bjim bjim...