sexta-feira, 11 de maio de 2007

Debate 1ª testemunha e eu

Caro(a) 1 ª testemunha.

Acho que temos de debater muito ainda, porque se tivéssemos a solução de como fazer uma nova escola, iríamos a jornais, secretarias, secretários, governador e pronto era só expor.

Está muito difícil mesmo a educação. Professores e alunos não estão felizes do modo como estão vivendo.

Somos muito simplistas quando dizemos somente que a falha é da escola. Famílias mudaram, sociedade mudou, vida sócia econômica falida.

Mas, quando escrevo alguma coisa é porque penso que só reclamar é um defeito muito grande. Todo problema quando aparece e não é resolvido, fica pendente e aumenta mais para frente.

Devíamos ter dois minutos por dia para reclamar e o resto para agir. Se você ficar só dizendo dos defeitos, penso que são aqueles que acham desculpas para não mudar nada.

Abomino reuniões onde os professores demonstram claramente que não reciclam nada e se bitolam nos problemas.

Fiquei calada durante muitos anos, achando que eu era. “louca” profissionalmente e não expunha minhas idéias sempre com medo de me comprometer. Porque comigo, todo problema que aparecia eu resolvia fosse de maneira lógica, ou não.

Dos alunos ficarem sempre no corredor eu desisti, então passava por eles e dizia bom dia e entrava na sala. Não me estressava de jeito algum, mandando entrar. Só que lá dentro eu sempre brincava e a turma de dentro caía na risada e os de fora entravam correndo, perguntando: -O que ela falou? Acontecia de eu não ter o que falar então pedia aos alunos: -Vamos rir alto, que eles entram.

Sei que são formas de louca, mas que era resolvido o problema, isso era.
Sempre achei fundamental você ser “cúmplice” do aluno e não inimigo. Você tem que passar uma confiança para o aluno, deixando claro que ele pode contar com você para tudo dentro da escola. Acho perigosíssimo professores que se envolvem em problemas de família dos alunos. Esse é um terreno muito íntimo.

Enfim, 1ª testemunha, acho que o primeiro passo a dar na educação é a empatia do professor. Depois de conquistada essa relação intensa entre professor e aluno, não será preciso humilhar, menosprezar, massacrar, desvalorizar, e sim, ACEITAR cada um com os defeitos e qualidades que possui.

E o resto? Que venham transversais, didáticos, paradidáticos, “oscambau”.

Quando essa mesma filha tinha 5 anos e estava no pré, estavam começando a falar sobre Aids e teria vacinação de varíola. A diretora da minha escola me disse que levasse minhas filhas para serem vacinadas lá porque usariam agulhas descartáveis. Cheguei em casa e expliquei bem detalhado que tinha um bichinho que ficava na agulha, porque se uma pessoa tivesse Aids, a próxima a tomar a vacina pegaria a doença.

No outro dia na escola apareceu um rapaz do posto de saúde que daria vacina em todas as crianças. Ela deve ter argumentado com a professora dizendo que iria tomar na minha escola. Como a professora disse que não podia ela resolveu o probleminha dela e me contou na volta da escola. -Mãe precisei tomar a vacina do posto, então eu, “com muito medo e lágrimas nos olhos, pedi para ser a primeira, aí então não tinha bichinho nenhum na agulha”.

Foi aí que eu comecei a pensar que de nada adianta ensinar umas coisas e deixar outras. Tudo que se ensina é importante. Percebi também que ensinando o mais simples que puder e a pessoa entendendo, fica mais fácil se interessar e podendo aprimorar o aprendizado, desde que entenda do que se trata.

Eu poderia ter explicado para as minhas filhas, falando sobre o HIV, contando que ele veio de avião de outros países, que ele acaba com a imunidade levando a morte por doenças, falar sobre o RNA e outras cositas mais. Será que se eu tivesse explicado desse modo ela teria encontrado a solução que encontrou?

Foi por esse caminho que eu consegui fazer os alunos ficarem interessados e controlar disciplina. Mudei o tipo de aula, não “passava batido” em nada. Se desse para explicar bem 5 parágrafos em 50 minutos, tudo bem, se desse só dois bem explicados, tudo bem. Fazia planejamentos comprometendo flexibilidade, quando exigiam que entregasse do ano ou mesmo do semestre.

O que eu não conseguia de um jeito, desistia e tentava outro.
Em todas as escolas reclamam da mesma coisa. Dá o sinal, os alunos saem para o corredor e entram só depois do professor. Isso já faz 20 anos que eu escuto. Será que não é hora de desistir e encontrar novas formas? Temos de ter humildade quando reconhecemos que não somos capazes. Se deixando estressar com esse problema da entrada, já acabou a “boa aula”.

Se o aluno estiver interessado na aula, ele vai ter tempo de fazer bolinha e jogar no ventilador?

Cada classe tem um interesse e saber diferente.

Para um professor com mais de 500 alunos fica difícil, por isso eu acho que cada professor deveria dar aulas somente para uma, duas ou três classes. Ele poderia se dedicar muito mais, conhecendo verdadeiramente seus alunos. Com muitos alunos, infelizmente só conseguimos gravar os que pedem socorro “perturbando” a classe.
Temos de nos conscientizar que quem é revoltado, insatisfeito, desordeiro, anarquista e indisciplinado, sofrem do mesmo mal, e que PRECISAM descobrir com quais habilidades nasceram, para “que nasceram”, enfim, o que precisam desenvolver para serem felizes.

É NISSO QUE EU ACREDITO.

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